Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

31.5.04

Memórias da Libertação francesa

«Ce printemps 1944, elles aussi s'en souviennent. Tondues, humiliées, condamnées parfois par les tribunaux de l'épuration. Cette douleur, cette honte ont marqué pour la vie des milliers de femmes. Beaucoup se sont repliées sur leur secret. Quelques-unes d'entre elles - ainsi que leurs enfants - ont accepté, ici, de s'en délivrer et de témoigner.»


«Eh, la putain du boche!» La foule hurle et brandit des croix gammées. Un kiosque à musique, sur la place de l'Eglise, à Fouras (Charente-Maritime): elles sont là, une trentaine, «parquées comme des truies». Le bruit de scie de la tondeuse. Et les mèches brunes, blondes, châtains, qui pleuvent, au bas de la tribune...»

Há histórias que não devem ser esquecidas: de sofrimento, humilhação, resignação e devoção.
Confesso que a emoção me percorreu ao ler este documento de L'Express; confesso que imediatamente procurei o refúgio (?) em Marguerite Duras.

«Du 6 Juin 1944 à la Liberation» é um dossier preparado pelo L'Express de leitura obrigatória (pode e deve ser utilizado em sala de aula, por serem documentos autênticos, mas sobretudo por serem humanos...)

30.5.04

Estrutura deformada do modelo educativo português (rascunho)

Desde sempre, mesmo antes dos tempos universitários, que para mim foram um entrave insuportável ao meu desenvolvimento intelectual, defendi o retorno às "próprias coisas", ou seja, citando Hollenstein, "este retorno é em primeiro lugar uma renegação da ciência em benefício do vivido". Teoria husserliana, sem dúvida, faço o esforço para não me prolongar para Sartre, importa desde já reter esta asserção para defesa da negação posterior do sistema educativo português: conhecer é compreender, e compreender é apreender a intenção que se exprime através de uma maneira de existir. Sobre isto Merleau-Ponty escreveu que este conhecimento reside em três noções - compreensão, significação e estrutura -; conhecer será, então, no seu entender, "apreender um dado numa certa função, numa certa relação, enquanto este me significa ou me apresenta tal ou tal estrutura".
A ciência humana, pelo menos desde o início do século, mesmo antes de fixar(-se) em taxonomias, procura a base do conhecimento: como defini-lo, alcançá-lo e fixá-lo. Tarefa árdua, sem dúvida, ainda hoje, por mais que estruturalistas e cientistas das ideias (que não são filósofos) nos garantam ter já resolvido a equação, é objecto de estudo.
Objecto. Eis o ponto de partida da ciência. Pode a ciência ser exclusiva dos objectos para os objectos pelos objectos? A resposta, sendo negativa, evidencia claramente o erro capital de honrosas ciências ao não considerar, na mediação da sua explicação, os artífices que os proporcionaram (ou que dos objectos se servem, pois nem todos são concebidos por mão humana).
Se a consideração pertinente de que a humanidade não deve ser despojada da ciência (pode falar-se em ciência pragmática?) é razoável e válida, já menos o é a importância dada à Psicologia. Desde já, sendo um aglomerado de postulados medianamente científicos, situa-se na excepcional "ciência da excepções" - pois se o seu objecto de estudo reside em variantes tão diversas e imprevistas... A reunião das suas conclusões sobre a humanidade - e a consequente imposição à sociedade - são desastrosas! Para cada reacção, para cada imprecisão, para cada erro há uma resposta. Para cada resposta, há uma desculpabilização. Para cada desculpabilização, há uma desresponsabilização. Para cada desresponsabilização, há tarefas sociais que ficam por cumprir.
Exagero, talvez, o certo é que a sociedade, e a escola, padecem desta maleita facilitadora e constrangedora; e o que mais custa é vê-la ser vociferada com a naturalidade de uma respiração saudável.
Do hermetismo científico passou-se, dizem alguns que é a assumpção da democracia, para um esvaziamento estrutural e formal.
Trazer o Homem para o centro das investigações científicas denota evidente progresso geracional, mas da forma como a Psicologia o fez permitiu apenas, como Marx, que a apercepção revelasse o macaco no homem (cito de cor, provavelmente com algum erro, que assumo).
A forma encerra em si tanto facilidade (facilitismo) com perversidade (de que a escola, sentido amplo, se enraiveceu), senão note-se: a manutenção do seu objecto tem uma originalidade, residualmente democrática, pois detém um conhecimento - o objecto falar de si próprio para si próprio e para outrem, ainda que frequentemente de modo impróprio e redutor; a perversidade nota-se em que o objecto actua no mundo actual. Quer isto dizer que não há implicação projectiva, não há projecto, não há mediação entre o si e o objecto e não se mune de crítica no conhecimento que almeja; assim sendo, a estrutura aparece virtual e desmorona-se com a mais leve brisa.
Ora, o mal da Educação em Portugal está exactamente em não haver, primeiro, meditação, e, posteriormente, projecção. Actua-se imediatamente e mediaticamente. Estamos a passar perigosamente do plano cartesiano do cogito, ergo sum para apenas o sum - e tudo lhe é permitido.
Há, não obstante um plano, direi intermédio, que importa considerar: cogito cogitationes.
Consideremos esta passagem de Husserl: "A vida psíquica, de que toda a Psicologia fala, é entendida como vida psíquica no mundo". A epoché fenomenológica, que o percurso das meditações cartesianas depuradas exige de mim enquanto filosofante, exclui do meu campo judicativo não só a vigência do ser do mundo objectivo em geral, mas também as ciências mundas, e até já como factos do mundo. Para mim não há, portanto, nenhum eu e nenhuns actos psíquicos, fenómenos psíquicos no sentido da psicologia: para mim, por conseguinte, eu também não existo como homem, não existem as minhas próprias cogitationes como componentes de um mundo psicofísico. Em vez disso, porém, ganhei-me a mim mesmo, e ganhei-me simplesmente como aquele eu puro com a vida e as faculdades puras (por exemplo, com a faculdade evidente: posso suspender o meu juízo) pelas quais o ser deste mundo e qualquer essência têm para mim sentido e vigência possível. Se o mundo se diz transcendente, pois o seu eventual não-ser não elimina o meu ser-puro, antes o pressupõe, então este meu ser puro ou o meu eu puro diz-se transcendental. Mediante a epoché fenomenológica reduz-se o eu humano natural e, claro está, o meu, ao transcendental; e é assim que se entende a elocução acerca da redução fenomenológica".
(continua)

Os blasfemos, o Alex e o meu herói é o Gabriel Alves

Arredado dos posts, mas não distraído, notei que continuam as avaliações dos blasfemos (em que termos: média, moda...?), sem que ninguém reconheça a esses liberais de meia tigela legitimidade para o fazerem. Mas devem fazê-lo! Fui o primeiro a protestar contra tal atitude e, acto contínuo, a defender que o devam fazer; não há contradição de proposições, apenas a observância de que devemos usufruir plenamente da liberdade. Se os incultos reconhecem a si próprios legitimidade, pois que sejam muito felizes.
Alex! Não devia perder tempo a comentar essas avaliações! Não vale a pena a maçada; repare que aquelas criaturas vivem em efabulação, não conseguindo lugares de destaque, mediáticos e de poder (embora o CCA me tenha dito já que tem uma grande experiência e tudo!) fazem notar-se por este estratagema. E sim, estão na minha coluna das amizades e cumplicidades porque o CL é meu amigo, e não, não o partilho consigo!
Quanto aos sites sobre educação, tem razão, desanimei, e tem razão, claro, quando diz e aponta outros sites (com mais qualidade e tudo).
Quanto a nós... não ligue ao que dizem sobre o seu site (e já agora sobre o meu); seja genuíno e poste, mas poste sempre com razão e intuição.
Há um homem, sabe, que é uma nulidade profissional: Gabriel Alves. Além de cómico, um verdadeiro atentado à nossa língua materna. Mas, sabe, sigo-lhe o exemplo,é o meu herói: não se preocupa com detractores e faz aquilo que julga estar correcto. É um exemplo a seguir!

13.5.04

Tempos livres dos nossos alunos



Não foi preciso muito para descobrir o que andam a fazer os nossos alunos nos tempos livres- que têm a sociedade toda contra si!.
Andam a fazer isto, isto e isto.
E dois estalos na cara (um pela destruição de propriedade colectiva e outro pelo mau gosto - yeah! - musical?

Dos blogs, II Aventuras e desventuras no submundo do sistema educativo português

Descobri no technorati este site. Até agora, sem dúvida o mais divertido e realista dos blogs mantidos por professores. Se não conhecessemos a verdade até nos ríamos...

"Eu não desisto" porque nem sequer lá vou


Fico contente por ver que há quem queira solucionar o problema do abandono escolar.
Pensando desapaixonadamente nestas questões, e depois de ler as propostas, tenho vontade de perguntar isto:
1) o tutor, é docente, discente, psicólogo ou arrumador de carros?
1.1) Sujeita-se e presta contas a quem?
1.3) que parâmetros avaliativos segue?
1.4) a sua acção pode prejudicar o ensino dos docentes e desautorizá-los?
1.5) São pagos por que?
1.6) têm direito a subsídio de desemprego?
1.7) está habilitado a outras funções escolares (como atender nas cantinas, limpar quartos de banho...etc...?)
1.8) vai ter gabinete próprio com o seu nome numa placa?
1.9) vai participar nas reuniões de avaliação?

2) Quem vai formar os professores especificamente? (que como se sabe nada sabem, especificamente, claro!)
2.1) os mesmos incompetentes dos orientadores de estágio?
2.2) metodólogos das universidades?
2.3) formadores do IEFP?
2.4) alunos?
2.5) pais?
2.6) a PJ?
2.7) e que tal as escolas não terem professores - que são um entrave para o ME (uns chatos que até reprovam e tudo...!) - e passar-se directamente para a certificação das competências dos meninos?

3) Plano de Português Língua Não Materna, de um Plano de Promoção da Leitura e da Escrita e de um Plano específico para o Apoio ao Ensino e Aprendizagem da Matemática?
3.1) Dê-se-lhes todos os livros do José Saramago!

4)Actividades Extra-Curriculares – Depois das Aulas
4.1) onde?
4.2) Com quem?
4.3) a fazer o quê?
4.4) quem?
4.5) pagam horas extraordinárias?

5) Programa Pais na Escola
5.1) eles não querem lá estar... vão ter multas se não se apresentarem regularmente na escola?
5.2) quem faz o controlo?
5.3) os docentes podem consigo estabelecer um programa de permuta?

Dos blogs, I

As actividades de francês, pela pertinente e atenta pena de C.A.P, têm sido alvo de postas muito interessantes e actuais. Ainda bem.
(Fica prometido maior envolvimento meu brevemente...era bom que a Jacky também me acompanhasse nas intenções. Espero que seja só uma pausa...)

"A Minha Responsabilidade Política Será Apurada na Devida Altura", Justino dixit

Falta de Educação! (Quod vadis, Sampaio?)

A "Segunda Semana da Educação" foi um falhanço completo!
Jorge Sampaio demitiu-se de funções ao vestir a pele socialista - irascível e podre - e tudo o que disse foi nada.
Tal como já tinha dito em posta anterior, Jorge Sampaio, ou os seus assessores, limitou-se a elencar alguns dos problemas da Educação, o que torna amorfa qualquer iniciativa que pretenda elevar, de facto, a Educação a um patamar maior, mais elevado e construtivo. Assim sendo, Jorge Sampaio, limitou-se a visitar o País (algumas escolas criteriosamente escolhidas, legitimando mandatos de CE com duração temporal superior à sua) e, de modo mais ou menos evidente, referiu-se aos problemas educativos em jeito de campanha eleitoral. Francamente! Do magistrado maior da nação esperava-se - espera-se! - sobriedade, elegância e linhas de acção muito específicas e concretas. Dizer o que já se disse n vezes... É estranho também que, num período em que os concursos para a Educação andem tal mal e que os seus opositores, milhares deles, desesperem por não saber se vão ter trabalho em Setembro, Sampaio previligie unicamente os alunos e peça para nos deixarmos de "questões" (com o Ministério e os Sindicatos)! Assim, não, senhor Presidente. Claro que é importante falar sobre o abandono escolar e sensibilizar a opinião pública geral para tal flagelo - é a própria ideia de construção de um País culto e inteligente que está em causa!), mas... realizar uma semana para só falar disso? E a escola de excelência que preconiza, dr. Jorge Sampaio, passa unicamente pelos alunos? É que parece...




"As experiências pedagógicas tentadas no domínio do combate à exclusão escolar nunca chegaram a influenciar o conjunto do sistema educativo".
É um excerto da prosa bárbara de Paulo Pedroso, da última terça-feira inserta no JN. Prosa bárbara e inculta, Pedroso demonstra falta de seriedade e honestidade intelectual ao recuar os problemas da educação (ou pelo menos o do abando escolar)aos anos desde 2001. É curioso como a trapalhada judicial em que se vê envolvido o faz esquecer a paixão (fraquita) que o seu Primeiro tinha pela Educação e a forma como deixou o edifício educativo.
Fazer campanha à custa de algo tão sério só merece uma resposta.
Ei-la: !




11.5.04

Avenida dos Aliados

4.5.04

3º Festival das Culturas da Europa - Le Conte Dans Tous Ses États



Entre o dia 10 e o dia 16, em Paris, terá lugar o "3ème Festival Des Cultures De L'Europe". Vale a pena ver qual a representação portuguesa.

Segunda Semana da Educação - L'école augmente la ségrégation

Pequenos tópicos de discussão sobre a escola social de hoje que podem fomentar a discussão e...resolver e prevenir algumas questões. Os textos vêm de França e Inglaterra, mas convergem na iniciativa levada a cabo pelo Presidente da República.

L'école augmente la ségrégation
"On parle de parents blancs choisissant leur école. Mais on peut aussi parler de parents d'origine pakistanaise choisissant la leur". Selon le professeur Burgess, auteur d'une étude pour la Bristol University, la ségrégation ethnique est plus importante à l'école que dans les quartiers : l'école augmente la ségrégation. Il faudrait déplacer au moins la moitié des élèves pour rééquilibrer la répartition ethnique. La ségrégation est particulièrement forte en centre ville, là où le choix d'écoles est le plus grand et pour les personnes originaires d'Asie du sud (Pakistan, Inde etc.). Pour le professeur Burgess, "des groupes différents grandissent dans des communautés différentes et se rencontrent moins : ce n'est pas bon pour la cohésion sociale".

A continuação da notícia e a amostragem da discriminação positiva podem ser lidas aqui.

Concurso de docentes - listas provisórias