Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

24.3.04

Presente desgraçado

Por ter estado ausente durante alguns dias, recupero agora, sofregamente, as leituras quotidianas de blogs e jornais. Quis que ela, a ausência, não me mostrasse mais "bovinidades" como a que li aqui ao lado, nas blasfémias.
Sendo certo que também me associo à preocupação e consternação de muitos que vêem no sistema educativo o pior da Europa, a começar pela escolaridade obrigatória minimal, até ao 9º ano, por bom senso e honestidade intelectual nunca poderia escrever ou pensar o que diz um tal de gabriel silva.
O texto começa por ser pertinente - pois claro, tem por fonte o jornal Público - mas... i) está mal redigido, o seu autor não conhece regras sintácticas, morfológicas e estruturação textual; ii) não é um texto de opinião, por não ser coerente nem estar dotado de argumentação sólida, sustentada e sustentável; iii) as diversas ilações que refere no post são desprovidas de sentido: quem lhe disse que "menos qualificação significa desta vasta camada da população, que um dia sairão os extremistas, que com desdém, inveja e ódio olharão para a primeira e segunda geração de emigrantes e cobiçarão o seu sucesso, o seu emprego, a sua estabilidade, o seu futuro. Que se virarão contra os “ricos”, contra os que serão livres porque terão alguma liberdade de escolha ou de opção sobre o seu próprio futuro. Que envergonhados e ressabiados se recusarão a reconhecer que os emigrantes e as pessoas com empregos qualificados serão os que suportarão a engenharia financeira necessária que lhes assegure a segurança e as políticas sociais mínimas (...)"? Qual o estudo, quais as fontes, quais as provas? iv) fala de Le Pen e da extrema direita, pelo que podemos concluir, então, que a extrema esquerda e os seus representantes do BE, cultos, formados e informados são assim "ressabiados" e invejosos por ineficácia dos "esquemas, socialmente dependentes"? v) texto ignorante, intelectualmente desonesto, desconhece as propostas das diversas associações de professores, sindicatos e ME (que, por acaso, vai alargar a obrigatoriedade do ensino já para o próximo ano lectivo de 2004-2005); vi) o senhor e os seus parceiros, especialmente um tal CAA, criticam o sistema educativo e os seus agentes pelas Ciências da Educação, sem saber (como poderiam?) o que elas são e de que forma se manifestam nesse mesmo sistema educativo (é o chamado facilitismo da acusação); vii) o senhor é um "extremista", pelo que devia imediatamente ser obrigado a estudar até ao 12º ano! viii) pasmo, por fim, com os comentários de gente de bem, professores e tudo, a aplaudir a imbecilidade de que venho falando; ix) os senhores atribuem notas a blogs, no entanto, ninguém lhes reconhece legitimidade para o fazer, embora os defendam, sempre, na/pela liberdade de escrever sem constrangimentos; x) ao autor do post em questão, recomenda-se uma boa gramática (eventualmente explicações de Português) e um manual de filosofia, para, desta forma, poder realizar um efectivo exercício de auto-medicação, perdão, meditação.