Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

1.2.04

«Os Programas de Português São Escandalosos e Eu Teria Tentado Suspendê-los»

A afirmação é de Vasco Graça Moura e, desde há muito, que o não víamos enunciador de um discurso tão sóbrio; apesar de não dizer nada que não saibamos já, vale a pena atentar em duas premissas: a) que a indignidade, incompetência, fraude e atentado à sanidade mental dos docentes mantém-se porque o Governo teve pena das editoras; b) que o Ministro da Educação é contrário aos actuais programas, mas mantém-nos, fazendo de si um ser social, governamental e educativamente inconsequente e incolclusivo. Mantém-se, assim, igual a todos os políticos que suspendem as convicções por que foram votados e uniformizam-se em continuistas de um paradigma que a ninguém interessa.
Quanto à acusação de Graça Moura, serão os linguístas, sim, mas não todos; serão o estruturalismo e as outras teorias, mas mais as outras teorias (debate intenso, que não cabe aqui, mas o estruturalismo aparece manso perante o excesso de formalismo literário).
Pode e deve condenar-se sempre os linguístas que, por exemplo, acreditam e educam o povo no dogma de que o nosso leninista nobel é escritor.
Numa outra vertente, dizer que, de facto, os actuais programas interessam a quem não sente a literatura, não tem capacidade de organizar um mapeamento semântico à volta do e pelo texto(s) e se refugia na facilidade da memorização da gramática (normativa).
É urgente que se reivindique, por todas as formas possíveis e imaginárias, o ressurgimento da literatura de grandes autores nacionais (e não os autores portugueses e estrangeiros que populam nos manuais escolares porque as editoras os publicam em catálogos paralelos!) nos programas de Português. De português, assim e sem mais nada! Sem a palermice de distinções A e B ou outras!