Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

11.10.05

Remendos no insucesso escolar

Mais remendos Por Anónimo, Porto
como vão os alunos ter tempo para as aulas de recuperação? um aluno do 7º ano ,por exemplo , tem por semana 18 bocos de aulas, de 90 minutos cada um, o que dá tempo útil lectivo 27 horas por semana. Contem o tempo de intervalos, a hora do almoço e o tempo necessários de transporte e digam-me lá onde vão encaixar o tempo para recuperação! Terão que passar 8 ou mais horas na escola! Inventam disciplinas no Curriculo não disciplinares, o que na pratica resume-se a quase nada! É o que vai acontecer com estas aulas de recuperação! Já tem Estudo Acompanhado , Área e Projecto ,em príncipio para desenvolver determinadas competências ! Resultados? Nenhuns! Em vez de fazerem perder tempo que haja mais horas a Português e Matemática, no horário lectivo dos alunos em vez de andarem a tapar o sol com a peneira. Está tudo desadequado. Muitas horas na escola a serem queimadas, Curriculos desajustados, horários desajustados aos alunos ( ajustados aos professores) ! Assim não vão lá! (In Público on-line)


A notícia avançada hoje em toda a comunicação social, de que este link é só um exemplo, merece alguns aplausos, ainda assim merece alguns. De facto, através do secretário de estado para a Educação, Valter Lemos, começa, espero, a assistir-se a um plano para Educação do nosso país. O plano de recuperação, que, sejamos justos, já existe em inúmeras escolas, tem cabimento e é pertinente; espera-se não se ir agora para as reuniões de avaliação de consciência pesada e dizer "vamos lá ver se o Manuel, que tem 6 negativas, passa de ano". Cinismo à parte, ressalve-se uma medida concreta e objectiva para debelar o malfadado insucesso escolar.
Infelizmente, populismo a quanto obrigas, a medida será implementada no segundo período, o que, convenhamos, poderá ser factor de perturbação do normal funcionamento das aulas. Para além disso, não consta que as escolas durante este primeiro período venham a ser mais bem equipadas. Também se desconhece como se articulará o trabalho docente diário com a substituição de aulas por colegas faltosos ou se, caso venham a existir horas extraordinárias de que forma serão pagas; desconhece-se, finalmente, se os apoios educativos desaparecerão e de que forma se poderão compatibilizar os horários dos alunos. Estou em crer que o ME quer mais trabalho burocrático por parte dos CE.
A criação de cursos, mais ainda, profissionalizantes ou profissionais deve também merecer reparo positivo.
Não entendo muito bem como é que as associações sindicais se pronunciam favoravelmente sobre estas medidas, para logo a seguir falarem em motivação dos professores, para o bomm desempenho dessas medidas - sendo certas as suas reivindicações, dá a impressão à opinião pública que a classe docente trabalha apenas com o pensamento no vil metal e não por vocação e gosto (de outra forma, milhares já teriam mudado de profissão).
Entendo perfeitamente os pais que aplaudem estas medidas, pois para si são menos horas de encargos e trabalhos com os meninos (habituados que estão a que a escola seja o depósito onde despejam os filhos de manhã e os vão buscar à tarde).
Entendo, por fim, que o timming do ME lança a confusão e a suspeição sobre a nossa classe, pois preparamo-nos, uma vez mais, para fazer greve contra as outras medidas que não têm solução à vista, ou simplesmente são um verdadeiro atentado à dignidade profissional, social e pessoal.