Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

17.8.04

Leituras

Umberto Eco. Leio crítica que lhe é dirigida - e muito bem acolhida - e sinto-me, de novo, membro de uma imensa maioria, aquela que lê por prazer.
Muito bom o texto de Bondanella ("Umberto Eco e o Texto Aberto") sobre a evolução do italiano, da sua teoria semiótica até à acção narratológica das teorias social e cultural.
Penso faltar, talvez, na assumpção da estética do prazer da leitura, a mediação da fenomenologia.

Dos seis passeios nos Bosques da Ficção,
"Mas todo o passeio num mundo ficcional tem a mesma função que uma brincadeira infantil. As crianças brincam com bonecas, com cavalos de madeira, com legos, para se familiarizarem com as leis físicas do universo e com as acções que um dia terão de realizar a sério. Do mesmo modo, ler ficção significa jogar um jogo atavés do qual conferimos sentido à imensidão das coisas que aconteceram, acontecem ou acontecerão no mundo real. Lendo romances, escapamos à angústia que de nós se apodera quando procuramos dizer algo de verdadeiro sobre o mundo real. Esta é a função terapêutica da narrativa e a razão por que as pessoas contam histórias, e sempre as contaram, desde os primórdios da humanidade. E sempre foi esta a suprema função do mito: encontrar uma configuração, uma forma, no turbilhão da experiência humana".

Eu, lector in fabula, suspendo por ora e tempo indeterminado formalismo, estruturalismo, semiótica e correntes derivacionistas e aproveito menos da fenomenologia.

A leitura de "A Ilha" de J.M. Coetzee, prémio Nobel do ano transacto, parecia-me pertinente, uma outra parábola de Robinson Crusoé. A tradução, todavia, consentida pela Dom Quixote enferma construções linguísticas erradas, para além de abusos semânticos (um dos exemplos, é a proverbial expressão "há dez anos atrás"). Desconfio que não lerei até ao fim.