Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

16.9.05

Que ainda não seja tarde para afastar os autoritários!

O colega que nos noticiários de ontem pediu desculpa aos portugueses por ter votado nas últimas eleições legislativas no PS, acusando, o que reitero, o actual PM de desconhecer por completo a realidade das escolas e o trabalho dos professores, equivocou-se; melhor, há um equívoco quanto a quem deve pedir desculpas.
Aquando da ida do Sr. Durão Barroso para "presidente" da União Europeia - é o entendimento psicológico dos fanfarrões -, houve um erro de casting. Nunca deveria ter sido escolhido Santana Lopes, pois, à época não estava na AR. Nunca o PR deveria ter escolhido ministros, nunca o PR, depois de ter dado posse a um governo de maioria, deveria ter dissolvido a AR, argumentando "pelos motivos que todos sabem e conhecem" (?) naquilo que, e muito bem, Alberto João Jardim classificou de golpe de estado institucional.
O frete de colocar o mais arrogante e incompetente dos ministros de Guterres estava consumado, perante uma campanha, não tenho dúvidas, orquestrada pela Maçonaria - não faz sentido haver organizações secretas numa República livre e democrática.
Neste momento, deve ser o PR a pedir desculpas aos nossos/meus co-cidadãos pela incompetência da governação, pela afronta às pessoas de bem que pagam impostos, pelo ataque à função pública, pelo assassinato da Educação, por não haver política para a agricultura, pescas e florestas, justiça e saúde, por continuar a ter "prioridades" diárias consoante o apetite vomitado dos media, e a modificá-las e a contradizê-las no dia seguinte, por haver cargos de nomeação política na função pública (para que servem, então, os gestores públicos se se limitam a aplicar as normativas governamentais?) e por, já todos perceberam, corromper tentacularmente a res publica.
Nomes: Fernando Gomes (na Galp), Armando Vara (na CGD), António Guterres (posto na ONU), Paulo Pedros (na AR, depois de se ter comparado a um preso político e ter desvirtuado a essência da Democracia ao ter festejado no Parlamento) e todos os outros, que me causa repulsa escrevê-los aqui.
Deve ainda pedir desculpa pelos milhares de nomeações políticas (?).
Se o PR nomear para o TC a nulidade de que se fala e se marcar o referendum sobre o aborto apenas para disfarçar os maus resultados previsíveis nas eleições autárquicas, saberemos então que o futuro-ex-PR agiu manietado por algo, que seguramente nada tem a ver com a República de que tanto gosta de falar.
MAS CUIDADO! O maior perigo deste governo vem da sua prepotência e acção anti-democrática, resultando na privação da liberdade, mesmo a mais elementar e mais básica, o direito à indignação pela simples via da manifiestação e greve; há três meses, com os professores, agora com os militares. Apenas dois exemplos.
A falta de valores morais (nem vale a pena falar dos Republicanos) e a falta de ética e escrúpulos na acção governativa leva, necessariamente, ao autoritarismo. Não se confunda, por isso, arrogância e prepotência naturais de Sócrates com obstinação (que os media tão bem souberem berrar).
Urge agir! E por todas as formas legítimas. E em todas as profissões! Os professores, enquanto educadores, nunca animadores, podem e devem modelar o seu discurso pedagógico perante situações deste teor: denunciar é também, ou sobretudo, educar na cidadania. Já o comecei a fazer.
Sobre o que acabo de dizer, ver este pequeno texto de Manuel Pina no JN de hoje.
Primeiro despediram os funcionários públicos,
mas eu não me importei,
não sou funcionário público.
Depois proibiram a greve dos professores,
mas eu não sou professor.
Depois proibiram a manifestação dos militares,
mas eu não sou militar.
Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros,
mas eu não sou juiz, nem polícia, nem enfermeiro
Agora estão a bater-me à porta,
mas já é tarde
Brecht