Abrenúncio!
Ainda no Dn on-line, estranho esta notícia. Não sou laico, pois não sou militante contra espécie de religião alguma, sou antes, no sentido vergiliano da definição semântica, agnóstico. Enquanto agnóstico, não refuto a nenhuma religião o seu carácter eminentemente bom, solidário e voluntarista. Como sou professor e educador, partilho e revejo os meus ideais nos valores puros de muitas e tantas religiões. Não me sinto afrontado na minha intimidade, nem tão pouco insultado na minha condição de cidadão, por haver crucifixos no meu espaço de trabalho.
Encetar uma luta pela retirada dos crucifixos das salas de aula, como é o caso desta estranha associação (Associação República e Laicidade), e negar a importância histórica que a Igreja Católica teve no nosso País, Europa e mundo, para as coisas boas e más, e, assim sendo, é negar, da mesma forma, a evolução sociológica há muito iniciada. O símbolo, por si só, não é reflexo de nenhuma campanha obscura ou subtil, reflecte apenas uma determinada tradição, uma determinada orientação mental, uma determinada troca comunitária. Não há nada de mal nos crucifixos, principalmente em escolas do interior, que funcionam ou convivem logicamente com a igreja da freguesia, com a junta, com a taberna do António, com a Avenida Central, etc., são adornos de um conjunto que faz sentido, de um sistema que funciona, de uma comunidade que se revê e reconhece nesses adornos, independentemente da idolatria que os move. Insistir na sua retirada, por querer esvaziá-lo de importância, é fazer exactamente o contrário; e o que é mais grave, longe da pura discussão teológica. São os novos tempos. Os tempo das causas fanáticas defendidas por fundamentalistas. Estranha questão é não terem percebido que essas causas, pela viragem dos tempos, apelam ao direito à indiferença.
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