Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

18.1.06

Francamente, Srª. Professora!

A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, foi minha professora de Literatura Portuguesa na faculdade (a maldita FLUP). Gostei muito de a ter tido como tal, embora lamente que não me tenha corrigido as frequências - foi uma sua colega emproada que o fez. E segui-a depois disso, sempre que palestrava ou era convidada para algum tipo de intervenção cultural, de nível escolar ou para grande público. É, de facto, uma figura incontornável já da nossa estrita intelectualidade - qual Filomena Mónica, qual quê! (a propósito de estudos sobre o Eça e Garrett...)
A casa de Garrett em Lisboa, como é sabido, está em risco de demolição. Estranho, por isso, o silêncio daquela que faz do ensino do Realismo e Romantismo uma rara arte de sedução, contemplação, deleite e, claro, aprendizagem da/pela literatura.
O seu silêncio sobre o assunto, mais do que incomodar, é entendido pelos seus antigos alunos como uma traição. A cultura merece mais do que meras atitudes de conveniência; o proprietário do imóvel é colega de governo da Srª Ministra.
Nunca mais direi orgulhosamente a ninguém ter sido minha professora. Mais do que ninguém, a Srª Professora deveria marcar a diferença.