Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

22.9.05

Educação política

1) A campanha levada a cabo pelo actual governo contra a classe docente, menoscabar o trabalho por si realizado, está a ter resultados explêncidos. Toda a comunicação social, pelo menos a escrita, alinhava a ideia de que os professores trabalham apenas 21 horas semanais, quando, na realidade, e por imposição governamental, são 35, isto, claro, sem contar o trabalho pessoal de preparação de aulas, correcção de testes, etc, em casa.
A opinião publicada está francamente preocupada por ver a sua classe docente ser a que menos horas trabalha na Europa (qual é a fonte?), mas não se preocupa por ser, da mesma forma, a que, na mesma Europa social, mais quilómetros se desloca para poder trabalhar, a que menos ganha, a que menos prestígio social tem, a que menos autoridade detém ou a que mais é socialmente atacada.


2) Belmiro de Azevedo, a precisar urgentemente de aulas de expressão portuguesa, aparece com frequência, em excesso, diga-se, a falar de pessoas como se de números se tratasse. O partido do poder tolera-o e aproveita-o, cumplicidade consentida, para a sua política dos números - fora de valores sociais e morais.
Pela minha parte, digo isto: após o Sr. Belmiro de Azevedo ter dito que os professores nada faziam na escola, que os pais pensavam que os filhos estavam a ser educados na escola, quando na realidade não estavam, e que ele, Belmiro de Azevedo, é que sabia como resolver o problema da educação em Portugal, porque os professores são maus, tratei logo de me adiantar ao referido engenheiro. Educando os meus alunos na cidadania e na/pela democracia, conseguimos perceber o engodo que são os centros comerciais, a sua falta de valores, pois apelam ao consumo desenfreado e dessentido, a sua alimentação oferecida potenciadora de doenças crónicas, e a cultura a pedido e imposta nos supermercados e lojas da especialidade, e já começamos a frequentar os mercados tradicionais e a consumir unicamente produtos nacionais.
Mais: há na sala de aula um organigrama sobre o império SONAE, construído e sujeito a alterações diárias, para que evitemos lá entregar o nosso dinheiro. Todas as semanas temos também, durante 15m, um clube dos Consumidores Anónimos onde nos confessamos e tentamos ajudar-nos mutuamente nessa grande empresa que é não consumir na SONAE. Os resultados têm sido excelentes.

3) O ministro Mário Lino sempre que vem à Invicta, provavelmente deslumbrado com a cidade, profere as mais estúpidas afirmações. Primeiro, era a suspensão das linhas aprovadas, depois, aquando da inauguração da linha do Porto para Gaia, que a administração passaria para mãos governamentais.

A mim, faz-me lembrar uma criança invejosa que não quis o brinquedo quando chegou por prepotência, porque não percebeu as cores que tinha ou o prazer que poderia proporcionar - e mesmo a inveja a outros! E agora ameaça porrada se o não deixarem brincar, para além de ser malcriado, pois não está na sua terra para acusar os gestores de serem incompetentes.

O metro foi pensado no Porto, construído no Porto, por pessoas no Porto e utilizado na Área Metropolitana do Porto por Portuenses. Há derrapagem? Pois há! Há indícios de actos ilícitos?Claro que há! Os autarcas são modelo de correcção e virtudes? Em absoluto, não!

Mas é uma das maiores obras de transportes públicos na Europa, e isso dói a quem quer mostrar obra feita e protagonismo e nada tem (é verdade, onde estão os estudos de viabilidade da OTA?).

Mário Lino, um morcão? Não, é só mesmo um rufia.