Educação accionária

Manifesto plural e não democrático pela acção da/na educação.

3.9.04

Regresso às aulas para pais, alunos e professores no Arte

"O Canal Arte entra com o pé direito na sala de aula e convida pais, alunos e professores a conhecer de perto a escola, sob diferentes ângulos, como o abandono escolar e o stress dos professores. A série (de documentários) Mon École et Moi (A Minha Escola e Eu) complementa as propostas, todas em francês.

A proposta de A Minha Escola e Eu é conhecer a partir de dentro doze escolas de vários países europeus: quais os seus métodos de ensino, como são as instalações, quanto custam, que rostos as habitam. Uma série de documentários com a assinatura Arte/ZDF. Sempre às quintas-feiras, às 13.45 e às 17.15, até 18 de Novembro." (DN)


O link para o site do Arte está aqui; o início do dossier relativo ao assunto, já neste Domingo, pode ser visto por estas bandas.
Lamentei que Portugal não fosse alvo do interesse do Arte, mas, pensando bem, ainda bem!

1.9.04

Não reconverterás!

Não ouvi ainda de nenhum sindicato críticas à política anunciada pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior da "reconversão" de licenciados desempregados, ou seja, pessoas com um curso superior.
Em aparência, a medida parece ser boa, mas o cinismo do seu curricula oculto implica a demonstração de uma política educativa falhada e criada unicamente para uma elite. Da parte do Ministério da Educação, estranhamente, nada se diz. Em aparência, ou aparentemente, a possibilidade efectiva de um ministério denunciar estes números denigre irreversivelmente a política educativa do nosso País; conclui-se, concluo eu, que durante décadas as faculdades formaram ou informaram (quando e se o fizeram) sem terem um estudo prospectivo das reais necessidades do mercado de trabalho futuro(a imbicilidade maior vem do uma responsável da Faculdade de Letras do Porto que, sabendo não haver trabalho para os putativos estudantes das novas licenciaturas unilingues, insiste que esse pormenor não diz respeito à Faculdade...).
Um curso superior deve dotar os seus actores de ferramentas que lhes permitam uma saudável "evolução na continuidade" das matérias e das novidades que as acolhem, para posterior utilização nas suas profissões, sejam elas de docência ou outras. Ora, sabe-se que a academia previligia mais o "vómito" do que o pensamento, o plágio do mestre (auto-intitulado) a uma apurada e reflexiva teorização, a bajulação à meritocracia. Ainda assim, repito, ainda assim, os quatro ou cinco anos do curso preparam ferramentas para um paradigma relativamente estável entre vinte e cinco a trinta anos. Nessa medida, é um pouquito tonto, da parte do IEFP, propor "actividades" a desempregados que passam quase sempre por "cursos de informática", como se os docentes, por exemplo, não preparassem instrumentos de avaliação em Word ou sistematizassem resultados de avaliação em Excel.
Estranho, por isso, as palavras da senhora ministra quando refere indecências como "reciclar", "segunda oportunidade" e outras barbaridades que lembram aos infelizes desempregados (licenciados por/na (sua) vocação) que falharam na sua formação, querendo-lhes imputar um erro que, afinal de contas, não é seu.
O cinismo, porém, não acaba aqui. à minha desconfiança de como se faria a tal reciclagem, percebi hoje a forma como se processará: nas faculdades, claro! E logo naquelas que registam um menor índice de matrículas no primeiro ano. Ou seja, assim como nada se fez com relação a um sistema que não poderia absorver todos aqueles que saíriam com uma habilitação superior, não se "reciclam" actualmente as entidades superiores naquilo que parece óbvio: redução do número de docentes. Devem, por isso, estar gratos pela segunda oportunidade, tendo sido já avisados que tal esforço voluntário não é sinónimo de emprego futuro? A solução para um dos problemas está já encontrada e os senhores assstentes podem dormir descansados (antes isso do que irem para as escolas secundárias leccionar, defendidos por experiência universitária, sem profissionalização realizada). A medida revela-se, assim, puro show off; 800 vagas para reabilitar a Função Pública (eventualmente) não só é ridículo como reveladora de uma política já conhecida de governar pelos media.
Alheio a isto tudo, pois tais medidas, como sabemos, foram ou vão ser tomadas perante o vergonhoso número de docentes desempregados, está o ME. Se, com cinismo ou falta dele, o MCES reconheceu o que há muito se pedia, uma ineficácia universitária e desfasamento entre Universidades e mercado de trabalho, tendo tido uma atitude que se louva, o ME parece não querer fazer nada pelos docentes. Bem sei que trabalhar em exclusividade, o que implicaria melhores salários e mais responsabilização dos docentes, poderá parecer utópico, mas não se abririam portas a uma geração deserdada e abandonada?


Concurso para os PALOP

A carta que publico foi enviada para os jornais Público e JN sem que lhe dessem consequência, de acordo com a fonte que no-la entregou, entretanto desistente de toda a actividade docente no nosso país (os motivos são óbvios).

Exmos. Senhores:



Devido às inúmeras notícias relativas ao Ministério da Educação (ME), nomeadamente aos (dos) organismos que tutelam os concursos de docentes, penso ser meu dever alertá-los (esperando, como é óbvio, que investiguem) sobre um “obscuro” concurso lançado, em pareceria entre ME e Ministério dos Negócios Estrangeiros, para a contratação de docentes – de diversas áreas – para os PALOP.

Tendo o concurso sido lançado a 17/09 [2003] do corrente ano (poderá ser confirmado na página da DGAE - http://www.dgae.min-edu.pt/index.htm) estranho que, até hoje, não haja saída de resultados em parte alguma, como seria (é) lícito esperar em qualquer concurso público e publicitado.

Como o estranhamento vem de há quinze dias a esta parte, telefonei para a DGAE que me remeteu toda e qualquer informação para o GAERI. Tendo-o contactado, foi-me dito não se tratar de um concurso, contrariando, assim, o que foi (e ainda está) publicitado; perante o meu estranhamento por até à altura não ter sido contactado para ser entrevistado, tal como vinha escrito no “Aviso de Abertura de Concurso”, foi-me referido, ainda com mais insistência, que de um concurso não se tratava, mas sim de “uma selecção de professores, visto terem recebido milhares de candidaturas”.

Duas dúvidas se me levantam: se a selecção já obedecia a critérios dúbios, quais foram os critérios utilizados perante as candidaturas recebidas; quem foi seleccionado e com que critérios foi seleccionado.

Globalmente, gostaria, enquanto órgão de Comunicação Social, que o vosso jornal tentasse apurar e dissipar dúvidas.

Não se tratando de uma denúncia pura – recorreria, então, à via jurídica -, gostava, no entanto, de saber onde posso consultar as listas definitivas de selecção (e já agora, onde está o meu curriculum).



Não autorizo, lamento, que se revele a minha identidade (pelos exactos motivos em que está a pensar), estando, todavia, disponível a responder a qualquer dúvida suscitada.



Com os melhores cumprimentos